Lipedema

O Lipedema é causado pelo acúmulo de gordura anormal nas pernas, quadris, coxas e braços, e ocorre quase exclusivamente em mulheres. Diferente da obesidade, a sua distribuição corporal não é uniforme e, às vezes, é confundido com o linfedema que é o acúmulo de líquido no subcutâneo.

Apesar da impressão de ser uma doença nova, ela foi descrita em 1940 por médicos da Mayo Clinic – USA.

O importante no lipedema é reconhecer os sinais e sintomas e entendê-los para buscar o tratamento e o acompanhamento adequados para que não interfira na sua saúde nem na sua qualidade de vida.

Uma equipe multidisciplinar, composta de nutricionistas, educadores físicos, fisioterapeutas, psicólogos, cirurgiões vasculares e plásticos é o pilar fundamental na abordagem destes pacientes.

Mudanças no estilo de vida, como novos hábitos alimentares, exercícios físicos regulares, terapia de compressão adequada e principalmente evitar fatores que pioram os sintomas, são essenciais para ter uma vida de qualidade.

A abordagem cirúrgica pode ser indicada, mas deve-se sempre ser realizada após um período de acompanhamento e estabilização clínica.

Se você suspeita que tem Lipedema, marque uma avaliação para obter um diagnóstico adequado e iniciar um acompanhamento para mudar de vida.

Como reconhecer o Lipedema? 

Normalmente mulheres, que após a puberdade percebem o acúmulo de gordura nas coxas, pernas ou até nos braços. Apesar de cuidarem a alimentação, elas notam que estas áreas têm uma concentração maior de celulite que em outras regiões do corpo. Com o passar do tempo, este acúmulo de gordura se intensifica, e pode passar a ser doloroso.

O que causa o Lipedema?

As causas do Lipedema não são bem compreendidas. Sabemos que começa ou piora durante a puberdade e outros períodos de alterações hormonais, como gravidez e menopausa. Pesquisas estão em andamento para determinar o papel biológico dos hormônios, genética, inflamação e metabolismo no seu desenvolvimento.

Classificações do Lipedema

O lipedema é classificado de forma funcional e anatômica. A classificação funcional mais utilizada foi descrita pelo professor Dr.Wilfried Schmeller e envolve graus ou severidade do lipedema. A classificação anatômica, apenas descreve a localização do lipedema de acordo com as áreas dos membros afetadas, sem correlação com a severidade. 

A associação das duas é importante pois avalia a gravidade da doença e define a melhor conduta para cada paciente dependendo de localização do lipedema.

CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DO LIPEDEMA (Dr. Schmeller)

Estágio I

A pele é normal, o subcutâneo ainda apresenta uma consistência macia. Porém ao deslizar a mão sobre a pele, você nota pequenos nódulos (bolinhas) como se fosse um colar de pérolas.

Estágio II

A superfície da pele já não é mais uniforme, a pele passa a ser irregular e um pouquinho mais dura. Ao deslizar a mão sobre esta pele, sentimos nódulos maiores, a chamada lipoesclerose. É comum a confusão com celulite. A partir deste estágio, a resposta ao tratamento já começa a ser mais desafiadora.

Estágio III

Ocorre a deformação lobular da pele, a pele começa a criar dobras, pois se torna significativamente mais flácida e forma aventais. As deformidades da pele já são visíveis sem manipular a pele. Os nódulos de gordura são ainda maiores e irregulares, ou seja, de tamanhos variados. Além dos nódulos, podemos palpar áreas de fibrose, como se fossem cicatrizes. Neste estágio, os pacientes começam a apresentar dificuldades em se movimentar.

Estágio IV

Apresenta a deformação lobular de toda a pele e nódulos grandes associado a esclerose do subcutâneo e pele. São todas as manifestações do grau III, em um grau de maior severidade e associado com o linfedema. Muitas vezes confundido com elefantíase.

Classificação Anatômica

TIPO 1 – região pélvica – bumbum e quadril, o chamado culotes 

TIPO 2 – associa o tipo I com o acometimento até o joelho. É o mais comum

TIPO 3 – associa o tipo II se estendendo até o tornozelo

TIPO 4 – acometimento dos braços. Frequentemente associado com os tipos II e III

TIPO 5 – somente acomete as pernas. É o mais raro

Como diagnosticar o lipedema?

O diagnóstico do lipedema é importante para evitar confusão com celulite ou linfedema. A avaliação médica criteriosa é fundamental para suspeita e diagnóstico. Exames como ultrassom e bioimpedância associados a testes de intolerância alimentar são complementares para o diagnóstico e definição da melhor terapêutica. 

 Além disso, o profissional médico pode realizar testes para verificar os hormônios e condições clínicas associadas como diabetes ou dislipidemias. 

Com um diagnóstico preciso, é possível desenvolver um plano de tratamento personalizado para cada paciente.

Quais os sinais e sintomas mais comuns no lipedema?

• Inchaços simétricos
• Dor ao toque e à pressão
• Dor descrita como “queima como fogo”
• Frequentemente “ninhos de vasinhos” na face lateral da coxa
• Tendência para hematomas
• Predisposição familiar
• Pele suave, com nódulos e covas típicas

Perguntas Frequentes

Lipedema e Linfedema são a mesma coisa?

Não. O linfedema é o acúmulo de líquido no subcutâneo e geralmente afeta apenas um lado do corpo e pode incluir as mãos e os pés. Além disso, o linfedema afeta homens e mulheres. No exame de ultrassom é nítido o acúmulo de líquido.

Qual é a diferença entre pernas gordas e lipedema?

O acúmulo de gordura associado ao excesso de peso ocorre em todo o corpo.  No Lipedema, a gordura ocorre nos membros, poupando mãos e pés. A gordura do lipedema apresenta nódulos que parecem pequenas pérolas ao toque, associado a mudanças na textura da pele com espessamentos em casos avançados. Pessoas com lipedema em estágio inicial geralmente não têm diabetes, colesterol ou pressão altos.

Como saber se tenho celulite ou lipedema? 

Há uma grande diferença entre celulite e Lipedema. O Lipedema é uma condição médica que pode resultar em dor, hematomas e inchaço. Por outro lado, a celulite é puramente cosmética e não causa dor e o tratamento envolve basicamente questões estéticas.

O Lipedema tem cura?

Assim como as varizes, o lipedema tem cuidados e tratamentos, mas não tem cura. Isso porque o lipedema é uma doença crônica, que não desaparece de forma definitiva mesmo com intervenções cirúrgicas. Os cuidados clínicos e as mudanças dos hábitos de vida são indispensáveis por toda a vida. A perda de peso e um estilo de vida saudável ajudam a manter a gordura e a inflamação do lipedema sob controle.

Como é a cirurgia do lipedema?

O tratamento cirúrgico considerado eficaz contra o Lipedema é o procedimento que faz a retirada da gordura doente através da lipoaspiração. É uma prática que acontece em etapas, respeitando o intervalo recomendado pelo médico. Somente deve ser realizada após um acompanhamento clínico para reduzir a inflamação do Lipedema. A quantidade de gordura aspirada também deve estar de acordo com as limitações de cada paciente. O lifting de coxa, que é a retirada da gordura associada a ressecção de pele, pode ser necessário em casos avançados.